ONDE? QUANDO? COMO? POR QUE?
Durante esses anos - 1900-1913 - de trabalho incessante, de empenho no sociale de apostolado admirável, acontece aquele impacto decisivo que mudará completamente o curso da vida do nosso brilhante Diretor da Colônia Agrícola surgida no meio da mata virgem para evangelizar e civilizar os índios.
E bom pararmos um momento: um pouco de reflexão e necessária…
Como? Quando? Onde mais exatamente? Por que?
Todas perguntas às quais nunca saberemos responder.
Os Biógrafos que nos precederam, narram unânimes um episódio ocorrido lá no intricado da floresta, no contato com uma doente grave. Lá num casebre pobre, miserável, confortando e absolvendo uma enferma…
Nós não estamos em condição nem de confirmar, nem de desmentir: não possuímos referências históricas precisas.

Frei Camilo Micheli de Borno - nosso glorioso veterano, com oitenta anos e em ótima saúde - teve nas mãos uma carta - pensem quanto preciosa, agora! - na qual Frei Daniel narrava a um amigo ou ao seu Superior sobre o insurgir da doença, mas naqueles seus primeiros anos de missionário não lhe deu algum valor, aliás - é ele mesmo que o confessa - vendo ao pé da página que o escritor era Frei Daniel, apressou-se em guardá-la (cinqüenta e mais anos atrás o medo do contági era grande) e agora, depois de muito tempo, não lembra mais nada…
Algumas palavras e nada mais... É pena!...
De seguro conhecemos somente quanto Frei Daniel nos entrega na sua pequena autobiografia que coloca como introdução ao livrinho onde anota as suas Santas Missas e já se encontra na casinha do Tucunduba.
"No dia 22 de janeiro de 1900 - escreve - fui destinado à Colônia de Santo Antônio do Prata (Pará), aí permanecendo por quase quatorze anos, onde peguei a doença que me obrigou a viver isolado ... ".
É no Prata, portanto; é aí onde "chega a hora" de FreiDaniel!
Chega e basta!
Não serve outra coisa!
As palavras - todas humanas são incapazes de levantar ainda que um pouco esse véu que se tomará cortina espessa, e "rasgar-se-á em duas partes, de alto a baixo" (cfr. Mc 14,38) somente muitos anos depois...
Frei Daniel começa em 1909 a manifestar perplexidade em relação a alguns estranhos incômodos que enfraquecem seu corpo, antes tão forte e vigoroso. São dados que o Leitor poderá captar facilmente: há algo latente, ainda no estado embrional, mas está aí, bem enraizado, circula impunemente: o tratamento médico é inútil, as viagens também, e Frei Daniel passa de uma esperança para outra que pontualmente se apagam porque "devem" se apagar!...
De 1909 a 1924 (ano de sua morte) os anos são quinze e quinze anos são longos, intermináveis; são uma eternidade, ao menos para nós...
Antiga Igreja em Colonia do Prata
Nesse espaço de tempo - precioso, muito precioso - realiza-se "quanto a mão e a sabedoria de Deus haviam predeterminado" (At 4,28) e realiza-se justamente porque o Servo Daniel se coloca em total disposição, aceita e colabora, aliás, mais tarde - no entanto o bambu vai crescendo! - chegará a falar em "prêmio", louvando e bendizendo e agradecendo continuamente ao Bom Deus ao longo de todos esses anos!
No entanto o bambu - o "nosso" - vai crescendo dentro deste milagre-mistério insondável e estrepitoso que transcende, como natural, os nossos respeitáveis raciocínios e luminosamente documenta a presença constante de Deus na história dos homens...
E nós estamos aqui ainda, não obstante tenham passado tantos anos: 70-80, estamos aqui com os olhos escancarados e a mão sobre a boca para falar desse prodígio. Mas estaríamos aqui de verdade se não tivesse acontecido aquele impacto atroz naquele longínquo e desconhecido dia, dentro ou fora da imensa floresta, curvado ou não sobre aquele irmão ou aquela irmã doente no último estágio?
E todos aqueles pobres que, escolhendo-o entre mil, invocaram Frei Daniel e continuam a invocálo porque o julgam santo, teriam feito isso? Continuariam ainda a fazê-lo?
Aceitamos o projeto do Altíssimo Onipotente com aquele silêncio que nasce da maravilha e da admiração.
É dentro dessa atmosfera rarefeita que as Almas de Deus sentem crescer a erva nos campos!...
Nós poderíamos ao menos sentir crescer o "nosso bambu"!...